Criada em 05/09/2017 às 11h48 | Política brasileira

Novo capítulo da delação dos donos da JBS deixa pecuária apreensiva; “mercado está conturbado, instável e inseguro”

A delação da JBS, no primeiro semestre, já havia mexido com o mercado do boi brasileiro que vinha de uma crise provocada pelos reflexos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Os reflexos? Nesta terça, o dólar está em queda e bolsa de valores em alta.

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Novas gravações de Joesley Batista com um executivo da JBS causa temor de reflexos negativos para o agronegócio brasileiro (foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/Arquivo)

O novo e bombástico episódio envolvendo os donos da JBS, maior produtora de proteína animal do mundo e que praticamente dita o mercado do boi no Brasil, deixa o setor apreensivo. 

Pecuarista do Tocantins ouvidos nesta manhã pelo Norte Agropecuário demonstram apreensão. “O mercado está conturbado, muito instável, volátil e inseguro”, disse um deles. A delação da JBS, no primeiro semestre, já havia mexido com o mercado do boi brasileiro que vinha de uma crise provocada pelos reflexos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal. As ações da JBS já atingiram índice de 10% de desvalorização.

Caso seja confirmada a anulação do acordo do Ministério Público Federal com os donos da empresa haverá abalo não só no grupo, mas também no setor. Presente em mais de 20 países, a JBS que é protagonista do mercado no Brasil tem 235 mil colaboradores no mundo.

Um parênteses sobre números: No Brasil o setor de carnes movimenta cerca de R$ 180 bilhões todos os anos e gera mais de 7 milhões de empregos. Boa parte desses valores tem participação das empresas dos Batista. 

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E a economia, obviamente, é influenciada pelos novos fatos, que ainda não são conhecidos na integralidade. Conforme a Agência Brasil, o dólar está em queda nesta terça-feira (5) e bolsa de valores em alta, no dia seguinte ao anúncio do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de abrir investigação para avaliar a omissão de informações nas negociações das delações de executivos da empresa JBS.

Por volta das 10h, o Ibovespa, Índice da Bolsa de Valores de São Paulo, estava em alta de 0,89%, aos 72.771,15 pontos. O dólar comercial era cotado para venda a R$ 3,1187, com queda de 0,58%.

ENTENDA O NOVOS FATOS

A possibilidade de revisão das delações dos donos da JBS ocorre diante das suspeitas dos investigadores do Ministério Público Federal (MPF) de que o empresário Joesley Batista e outros delatores ligados à empresa esconderam informações da Procuradoria-Geral da República.

No entendimento do procurador, se os benefícios dos delatores forem cancelados, as provas contra as pessoas citadas devem ser mantidas e continuarão nas investigações. No entanto, a decisão final cabe ao Supremo.

"Será mostra de que não se pode ludibriar o Ministério Público e o Poder Judiciário", disse ele.

Janot explicou que um áudio entregue pelos advogados da JBS narra supostos crimes que teriam sido cometidos por pessoas ligadas à PGR e ao Supremo. A gravação foi entregue, por descuido dos advogados, como uma nova etapa do acordo.

Segundo Janot, um dos suspeitos é o ex-procurador Marcelo Miller, que foi preso na investigação envolvendo a JBS, e uma outro suspeito com "foro privilegiado" no Supremo Tribunal Federal (STF). Os fatos teriam sido omitidos na delação.

De acordo com nota da PGR, em uma das gravações, com cerca de quatro horas de duração, Joesley Batista, dono da JBS, e Ricardo Saud, diretor do grupo, conversam sobre uma suposta atuação de Miller.

"Apesar de partes do diálogo trazerem meras elucubrações, sem qualquer respaldo fático, inclusive envolvendo o Supremo Tribunal Federal e a própria Procuradoria-Geral da República, há elementos que necessitam ser esclarecidos. Exemplo disso é o diálogo no qual falam sobre suposta atuação do então procurador da República Marcello Miller, dando a entender que ele estaria auxiliando na confecção de propostas de colaboração para serem fechadas com a Procuradoria-Geral da República. Tal conduta configuraria, em tese, crime e ato de improbidade administrativa", diz a nota.

Rodrigo Janot também informou que vai pedir ao ministro do Supremo Edson Fachin, responsável pelas investigações da Lava Jato no STF, medidas para avançar na apuração do descumprimento do acordo. Fachin poderá decidir sobre a derrubada do sigilo das gravações.

PROVAS DA DELAÇÃO 

Apesar da possibilidade de anular o acordo com a JBS, Janot defendeu a delação premiada como instrumento para investigações e que deve ser preservado. De acordo com Janot, se os executivos da JBS erraram, deverão pagar por isso, mas "não desqualificará o instituto [da delação premiada]". (Com informações da Agência Brasil)

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